O inicio da paixão é estratosférico...


"O início da paixão é estratosférico, as pessoas não param quietas exibindo tudo que podem fazer. 
Depois passam a confessar o que realmente querem. 'A paixão é mentir tudo o que você não é. O amor é começar a dizer a verdade'. É mais ou menos isso." 

"No começo, a sedução é despudorada, inclui, não diria mentiras, mas um esforço de conquista, uma demonstração quase acrobática de entusiasmo, necessidade de estar sempre junto, de falarem-se várias vezes por dia, de transar dia sim, outro também. 
A paixão nos aparta da realidade, é um período em que criamos um universo paralelo, é uma festa a dois em que, lógico, há sustosbrigasdesacordos, mas tudo na tentativa de se preparar para algo muito maior. O amor. É aí que a cobra fuma. A paixão é para todos, o amor é para poucos. Paixão é estágio, amor é profissionalização. Paixão é para ser sentida; o amor, além de ser sentido, precisa ser pensado. Por isso tem menos prestígio que a paixão, pois parece burocrático, um sentimento adulto demais, e quem quer deixar de ser adolescente? A paixão não dura, só o amor pode ser eterno. Claro que alguns casais conseguem atingir o Éden – amarem-se apaixonadamente a vida inteira, sem distinção das duas 'eras' sentimentais. Mas, para a maioria, chega o momento em que o êxtase dá lugar a uma relação mais calma, menos tórrida, quando as fantasias são substituídas pela realidade: afinal, o que se construiu durante aquele frenesi do início? Uma estrutura sólida ou um castelo de areia? Quando a paixão e o sexo perdem a intensidade é que aparecem os pilares que sustentam a história (caso existam). O que alicerça de fato um relacionamento são as afinidades (não podem ser raras), as visões de mundo (não podem ser radicalmente opostas), a cumplicidade (o entendimento tem que ser quase telepático), a parceria (dois solitários não formam um casal), a alegria do compartilhamento (um não pode ser o inferno do outro), a admiração mútua (críticas não podem ser mais frequentes que elogios), e principalmente, a amizade (sem boas conversas, não há futuro). Compatibilidade plena é delírio, não existe, mas o amor requer ao menos uns 65% de consistência, senão o castelo vem abaixo. O grande desafio dos casais é quando começa a migração do namoro para algo mais perene, que não precisa ser oficializado ou ter a obrigação de durar para sempre, mas que não pode continuar sendo frágil. Claro que todos querem se apaixonar, não há momento da vida mais vibrante. Mas que as 'mentirinhas' sedutoras do início tenham a sorte de evoluir até se transformarem em verdades inabaláveis."


Martha Medeiros


Agradeço à Martha Medeiros por esse belo texto...'o quanto tudo isso é verdadeiro!', ... e ao Blog Vida, por mais essa oportunidade de compartilhamento.

A publicação deste texto da Martha Medeiros, é uma homenagem à minha Vida, neste dia dos namorados, 12 de junho! Vida...sempre!
Chico Ferreira

Comentários

  1. Concordo contigo Chico,mais um texto ótimo da nossa maravilhosa escritora Martha Medeiros, a gente sabe que acontece assim mesmo como ela escreveu...Abraço..

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