Antigo Egito
Um breve preâmbulo sobre o Egito pré-histórico:
No final do período paleolítico, cerca de 10000
a.C., o clima árido do norte da África tornou-se
cada vez mais quente e seco, forçando as populações a se
concentrarem ao longo do Vale do Nilo. A
fertilidade ao longo do rio sempre assegurou o sustento do
Egito desde os tempos dos caçadores e coletores nômades
do pleistoceno médio, 780-120 mil anos atrás, até os dias
atuais.
A planície fértil do Nilo deu aos homens a oportunidade
de desenvolver uma economia e uma sociedade mais sofisticada e centralizada que
se tornou um marco na história da civilização humana.
A história
do Antigo Egito tem o seu início nos anos 3200-3100 a.C., quando as regiões do
Alto e do Baixo Egito foram unificadas sob a tutela do faraó Narmer(1). O seu término aconteceu no
ano 30 a.C., quando a rainha Cleópatra VII(2) foi derrotada na Batalha de Áccio(3) tornando-se
o Egito uma província romana.
[Fonte e imagem acima, All Gizah
Pyramids | Ricardo
Liberato].
(1)Narmer, considerado por alguns como o unificador
e fundador da Primeira Dinastia sendo, portanto, o primeiro faraó do Egito
unificado. Não existe consenso sobre a identidade de Narmer. A maior parte dos egiptólogos o consideram como Menés (ou Merinar). Esta confusão de identidade é evidenciada por diferentes titularias reais em registros arqueológicos e históricos, respectivamente. Cervelló-Autuori (2003) categoricamente afirma que ‘Menés é Narmer e a Primeira Dinastia começa com ele’.
Imagem, estátua de alabastro de divindade em forma de babuíno com o nome do faraó Narmer inscrito na base, em exibição no Museu Egípcio de Berlim.
[Imagem, Keith
Schengili-Roberts].
(2)Cleopatra VII, rainha egípcia, nasceu na cidade de Alexandria, em janeiro do
ano 70 a.C. ou em meados de dezembro de 69 a.C., filha de Ptolomeu XII,
descendente da dinastia iniciada pelo general Ptolomeu, que liderou o Egito
depois da submissão deste país ao poder do rei Alexandre III da Macedônia, e de
Cleópatra V.
Derrotada por Otávio ou Otaviano na
Batalha de Áccio, em 2 de setembro de 31 a.C., Cleópatra e seu último marido,
Marco Antonio, fugiram para o Egito, onde cometeram suicídio. Este fato fez com
que o Egito voltasse a ser controlado por Roma.
Cleópatra morreu aos 39 anos de idade. [Fonte, Altes Museum Berlin, Berliner Museumsinsel, autor, Louis le Grand].
(3)A Batalha de Áccio, ou Ácio, em latim, Actium, teve lugar em 2 de setembro de 31 a.C., perto de Actium na Grécia, durante a guerra civil romana entre Marco Antônio e Otaviano (depois conhecido como imperador Augusto). A frota de Otaviano era comandada por Marco Vipsânio Agripa e a de Antônio apoiada pelos barcos de guerra da rainha Cleópatra VII do Egito. O resultado foi uma vitória decisiva de Otaviano, que acabou com a oposição ao seu poderio crescente. Esta data marca o fim da República e início do Império Romano.
[Imagem, Battle of Actium. Pintura de 1672 por Lorenzo A. Castro].
Ao longo de três milênios, a
civilização egípcia se desenvolveu marcada por períodos de estabilidade
política, prosperidade econômica e artística, mas, durante esse tempo,
apresentou momentos de declínio e oscilações políticas conhecidos como períodos intermediários(4).
(4)Períodos
intermediários. O Egito foi invadido por outros povos e essas
épocas são chamadas de Períodos Intermediários (conferir nos próximos
capítulos).
A história egípcia
comumente é dividida em dois períodos:
- Pré-dinástico
- Dinástico
Antigo Egito de, aproximadamente, 4000 anos atrás.
Algumas cidades ainda permanecem com os mesmos nomes. Um dos antigos nomes egípcios para o país era KEMET ou 'terra negra' em função do solo fértil negro depositado pelas águas do Nilo, diferente da terra vermelha do deserto.
Algumas cidades ainda permanecem com os mesmos nomes. Um dos antigos nomes egípcios para o país era KEMET ou 'terra negra' em função do solo fértil negro depositado pelas águas do Nilo, diferente da terra vermelha do deserto.
[Imagem, KhanElKhalili].
Capítulo 1
Período Neolítico (12000 a.C.)
Por volta do 10º milênio a.C., ou seja, 12 mil anos atrás, no Neolítico, a contínua desertificação do Saara levou os ancestrais dos egípcios a se localizarem ao longo do Nilo, adotando práticas mais sedentárias como a agricultura e a criação de animais.
A invenção da agricultura ocorreu nos vales férteis dos grandes rios do Oriente Próximo, em uma região chamada Crescente Fértil.
A agricultura e o sedentarismo possibilitaram aos assentados muitas transformações. Gerindo o seu tempo livre, surgiu a prática do artesanato; a alimentação de um grupo crescente de pessoas com as produções das lavouras e animais criados em cativeiro; os primeiros líderes surgem, as práticas religiosas, tudo em razão de uma organização social emergente.
Período pré-dinástico (5000 - 3200 a.C.)
O Período
pré-dinástico é ‘fatiado’ em intervalos de tempo batizados com o nome do lugar
onde aconteceram os assentamentos egípcios.
Essas culturas individualizadas não devem ser
entendidas como entidades separadas, mas divisões, grande parte subjetivas,
utilizadas para facilitar o estudo de todo o período.
A maior parte dos sítios arqueológicos escavados situa-se
no Alto Egito. No outro extremo, no Baixo Egito, as inundações do Rio
Nilo na região do Delta foram, no decorrer do tempo, mais
fortes, e a maior parte dos sítios nesta região, do período pré-dinástico, já
foram enterrados por completo.
Nos anos 6000 a.C. os agrupamentos humanos surgem por todo o
Egito.
Os principais sítios arqueológicos do deserto oriental são os denominados ‘Caverna Sodmein’ e ‘Abrigo da Árvore’, ambos em torno
dos 7000 a.C., com a evidencia de uma melhoria das condições climáticas da
época.
A Caverna Sodmein foi ocupada até os 6100 a.C. e o Abrigo da Árvore, uma pequena
saliência rochosa do deserto oriental, com inúmeras lareiras, instrumentos e
restos de animais, continuou por mais tempo, até os 5000 a.C..
A Caverna Sodmein, possui diversas camadas neolíticas de natureza, principalmente, orgânica. Entre os achados orgânicos estão restos arbóreos como acácias e Tamarix e restos de animais, como insetos, roedores, ovinos e caprinos.
Povoamentos neolíticos prosperaram no Saara Central, no sul do Saara e no Deserto Ocidental, num período dos 8800 aos 4700 a.C.. A ocupação desses assentamentos esteve sempre ligada às mudanças climáticas do período. Como exemplos, El Nabta, numa fase úmida e El Ghorab, num período de seca.
No planalto de Gilf Kebir, a 640 km a oeste do Vale do
rio Nilo, a ocupação humana perdurou, aproximadamente, 2000 anos (5500-3500
a.C). Datas obtidas por radiocarbono dos sítios de Gilf Kebir ‘sugerem
atividades de colonização intensiva entre 6000 e 4700 a.C.’.
Gilf Kebir, Egypt,a 640 km. a
oeste do vale do Nilo.
A Caverna dos Nadadores. Wadi
Sura, Gilf Kebir,
no
sudoeste do Egito, perto da fronteira da Líbia.
[Imagem, mindful
swimming].
No Alto Egito, 'o período naqadano ou nagadano, 4000-3000 a.C., é caracterizado
pela evolução de tradições econômicas e sócio-culturais, maior hierarquia
social evidenciada por diferenças em complexidade, tamanho e espólio de
túmulos, trabalho artesanal mais elaborado e uma intensa agricultura mista
desenvolvida no Vale do Nilo. No deserto, um estilo de vida nômade ou
semi-nômade baseada no pastoreio, caça e coleta vegetal', segundo Andie
Byrnes. ‘É um momento de grande
uniformidade em todo o Egito: uma das coisas mais impressionantes e intrigantes
sobre o Antigo Egito é a aparente rapidez e abrangência com que centenas de
aldeias desconexas e funcionalmente semelhantes foram transmutadas em uma
unidade social, econômica e política organizada - o primeiro estado egípcio. Esta
transmutação começou a cerca de 4000 a.C., no sul e rapidamente se
espalhou para o norte, abrangendo a maioria do Egito em 3000
a.C.’, diz Wenke. ‘Em 4000 a.C., quase 600 anos antes do
período faraônico, uma série de objetos típicos estava em uso em todo o país’,
conforme Manley.
Durante os 1000
anos de existência da cultura Naqada, os centros regionais mercantis variaram
em tamanho e poder. Naqada, Hierakonpolis e Abidos, tiveram
cemitérios onde as elites eram sepultadas com rico espólio tumular.
No período de
3200-3000 a.C. (período protodinástico do Egito), da cultura Naqada, também
conhecido como o período da cultura Semaineana, surgem as primeiras evidências
de líderes regionais e, posteriormente, dos primeiros faraós.
É uma época marcada
pelo surgimento dos primeiros hieróglifos, assim como pela unificação e
formação do Estado egípcio. A elite estava neste instante completamente
estabelecida.
Muitos sítios do
Delta do Nilo dedicaram-se exclusivamente ao comércio com o Oriente Próximo e
neste momento o maior centro de poder era Abidos, embora Hierakonpolis tenha
mantido muito de seu poder devido a seu acesso privilegiado às rotas comerciais
do sul, assim como às minas da Núbia.
[Imagem acima. Jarro Naqada. Período pré-dinástico. Museu do Louvre.
[Imagem acima. Jarro Naqada. Período pré-dinástico. Museu do Louvre.
[Imagem, Guillaume Blanchard].
Clique nas imagens para vê-las no seu tamanho original.
Republicação de postagem de 2013.
Os próximos capítulos serão publicados a intervalos regulares. Aguarde.
[Fontes, Wikipedia | Egito Antigo | PrehistoricEgypt].
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